Patologias num fuste de concreto

Hoje temos umas fotos de uma pequena diligência do meu trabalho. Uma vistoria de um fuste, que é uma estrutura de sustentação de um reservatório de água. 

O reservatório já era, mas o fuste ainda estava em pé. O que aconteceu é que um reservatório elevado de fibra de 20 mil litros estourou ninguém sabe o porquê. 

Mas como estas caixas d'água são altas e a pressão da água aumenta com a profundidade, de repente pode ter sido caixa cheia e material fraco. 

Ou talvez até a incidência de ventos fortes sobre a caixa d'água vazia aliada à má fixação da mesma na estrutura de apoio de concreto. 

A má fixação das tampas também é um problema comum em algumas obras de sistemas de abastecimento. As tampas devem ser fixadas às bordas por meio de cabos esticados que são presos à base (que é uma laje). 

Pelo menos assim rezam os projetos padronizados que devem ser seguidos na empresa em que trabalho. Mas sabe como é empreiteiro (nem todos, só a maioria esmagadora no Brasil... rsrs) que ganha licitação, né? 

Quer sempre dar um jeitinho de enrolar a fiscalização e "armengar" o serviço! Mas não é bem isso que mostro nas fotos. 

O que quero mostrar refere-se ao fuste de concreto. Foram observadas evidências de que o concreto não atingiu a resistência característica mínima durante a obra. 

Com o carregamento, a base de cada pilar sofreu esmagamento, basta ver o padrão de fissuração! 

A coisa ficou tão feia, que teve rachaduras enormes de baixo pra cima, de lado a lado e o concreto soltou pedaços deixando exposta a armadura. 

Na laje, em volta dos furos de passagem da tubulação, a armadura também está exposta. 

Olhando de baixo pra cima parece que a armadura positiva está corroída. Um morador local me disse que sempre extravasa água sobre a laje. 

Esta água pode infiltrar facilmente se não houver impermeabilização (e duvido que haja!). Mas por que em volta dos furos? 

Pode ser que os furos tenham sido feitos após o endurecimento do concreto. 

Com tanta vibração, pode ser que o concreto ficou fragilizado na região e o tempo e intempéries cuidaram do resto, havendo então o que chamo de "desplacamento do cobrimento". 

Ou pode ser também que durante a execução mais uma vez o empreiteiro espertinho (ou "burrinho") não usou espaçadores para garantir o cobrimento adequado de 3 centímetros.

Bom... tudo isso é suposição baseada em simples observação, até onde pude ter acesso. Para descobrir a origem do problema, é preciso ir mais a fundo! 

O próximo passo será comparar o que foi executado com o que foi especificado em projeto, dimensões dos pilares, das lajes, etc. 

Será que o projeto foi totalmente contemplativo e o construtor errou? Ou será que o projeto não contemplou aspectos relevantes? 

De uma coisa eu sei, de fato não dá pra confiar numa estrutura dessa! Tem que fazer um reforço pra poder colocar um reservatório em cima dinovo. E você, o que acha?