Vou começar este texto com a seguinte pergunta: o que você faria se fosse construir um prédio de três andares sem um projeto estrutural? Tenho certeza que alguém responderia "taca-lhe ferro e aumenta a largura de cada peça pra garantir!". Não exatamente com essas palavras, mas a ideia é essa!
Mas... já parou pra pensar quanto (R$$$...) essa pessoa pode estar perdendo? Já parou pra pensar que ela pode estar perdendo até mais do que se pagasse por um projeto estrutural?
E "tacando ferro nas vigas" ela pode estar cometendo um erro grave para a segurança da obra, ao contrário do que se pensa, conforme mostro neste outro artigo.
Através do projeto estrutural é possível ter a garantia de que uma certa edificação vai suportar os carregamentos a que ela se destina em condições normais de uso. É possível mensurar quanto de ferro e concreto vai ser gasto para ter um nível adequado de segurança. Adequado a quê?
À função da edificação. Por exemplo, se sua edificação é um prédio comercial, cujo terceiro andar (quarto, quinto,...) vai funcionar como academia, o dimensionamento da estrutura deve ser feito de maneira a suportar o peso dos equipamentos, a sobrecarga de pessoas em movimento, vibrações, etc.
Se este andar for dimensionado como residência, por exemplo, o pavimento não está seguro para servir de academia. Afinal, as cargas de uma residência são bem inferiores às de uma academia de malhação.
O que acontece no cálculo estrutural é o seguinte: Calcula-se o carregamento que atua sobre cada peça da estrutura (pilar, viga, laje,...) e aplica-se um coeficiente - geralmente 1,4 - de modo a superestimar este carregamento.
Ou seja, considera-se no cálculo que as cargas atuantes são maiores do que na realidade elas são! Para ficar ainda mais seguro, aplica-se um determinado coeficiente também na resistência da peça estrutural.
Mas neste caso é para subestimar o valor da resistência da peça. Resumindo, a resistência considerada no cálculo é inferior à resistência real e o carregamento considerado no cálculo é superior ao carregamento que realmente está atuando na estrutura.
E considerando esta situação, calculam-se as dimensões das peças de modo que ainda haja uma margem, uma diferença, entre a resistência e o carregamento considerados.
Portanto, observando esta lógica o que pode ser mais seguro do que um cálculo estrutural? Cabe, claro, ao engenheiro calcular corretamente os carregamentos (força cortante, força normal e momento fletor, depois explico isso...) atuantes e resistentes e aplicar corretamente os coeficientes durante o cálculo.
Perceba pela figura ao lado que tudo é feito considerando a situação mais desfavorável à segurança, como se cada viga (ou pilar, ou laje,...) fosse mais fraca do que realmente é.
E como se cada força externa fosse maior do que pode ser na realidade. E cada passo a ser dado no cálculo estrutural deve ser feito desta forma.
Além dos esforços que atuam diretamente (como peso próprio, peso das paredes, etc.), deve-se considerar também os esforços variáveis, como cargas acidentais (pessoas, por exemplo), especiais... e por aí vai!
Bom... aí agora é com o "estruturalista"! Ele sabe combinar estes esforços de modo a obter as dimensões das peças dentro de um determinado limite também para não tornar o projeto antieconômico...
Bom... se houver dúvidas é só deixar nos comentários! Espero que eu tenha ajudado a diminuir a insegurança quanto à segurança do projeto estrutural! A ideia é essa! rsrs...
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