A engenharia civil, por incrível que pareça, tem algumas coisas em comum com a medicina. Como eu já disse numa postagem anterior sobre engenharia diagnóstica, "...o que muda é o paciente".
Engenharia diagnóstica é nada menos que um ramo da engenharia civil que se ocupa do estudo das manifestações patológicas (suas causas, origens e mecanismos de ocorrência) que acometem as construções.
O objetivo final? Propor medidas de tratamento - reparo, reforço, recuperação - ou provar que alguém está certo ou errado, quando há uma questão na justiça envolvendo construções.
Um dos instrumentos de que se vale a engenharia diagnóstica para cumprir esta função chama-se laudo técnico. Conforme eu já disse numa outra postagem, existem também o relatório técnico e o parecer.
O relatório é um documento com algum texto e repleto de fotos que visa apenas a constatação de algo que é verificado numa vistoria. O parecer é o resultado final de uma consultoria, sendo esta o ápice do trabalho pericial. Por que?
Porque além de identificar origens, causas e mecanismos de ocorrência das "patologias", o trabalho de consultoria também propõe soluções técnicas. O profissional que presta serviços de consultoria precisa ter muita experiência e um bom nível de conhecimento numa área específica.
Por exemplo, se o cara nunca fez projeto estrutural ele não pode de forma alguma ser consultor na área de estrutura. Na verdade mesmo, é preciso bem mais do que isso!
Hoje sabemos que existem programas de computador que fazem praticamente todo o trabalho de cálculo estrutural, além da parte gráfica. Com isso, muito engenheiro ou arquiteto anda fazendo projeto estrutural por aí sem ter todo o conhecimento teórico e prático necessário para ser um estruturalista. Não dá pra confiar só na máquina.
O conhecimento humano é indispensável! A máquina pode "errar" (entre aspas porque máquina não erra, ela apenas executa a programação ou é manuseada de forma errada) e deixar por isto mesmo, mas o olho humano experiente pode notar algo errado nos resultados do computador ou programa executado por este.
Mas enfim, tudo isso é só pra deixar bem claro a importância de um profissional bem qualificado para fazer laudos técnicos ou prestar consultoria. Já testemunhei engenheiros civis dando explicações erradas sobre manifestações patológicas em obras.
Algumas vezes, o "doutor" nem procura investigar direito, não faz nem solicita ensaios, anamnese, análise de projetos, e já vai logo dizendo o que está acontecendo na obra utilizando-se tão somente de uma simples observação visual.
Muitas vezes isso é possível sim, mas tem casos que merecem uma investigação mais apurada. Já fiz laudos técnicos, onde os clientes queriam que eu provasse que eles estavam certos de qualquer forma.
No entanto, não funciona assim! O laudo é para refletir a verdade dos fatos e não "puxar brasa pra sardinha" de alguém.
Claro que se o cliente acredita que ele está certo em sua lide na justiça ele vai procurar um engenheiro para confirmar isso e ter uma prova pericial para o processo.
O laudo técnico de engenharia civil é uma solução técnica indispensável em questões jurídicas envolvendo as construções.
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